sexta-feira, 27 de maio de 2011

Kohlberg e a investigação sobre o desenvolvimento moral

“Uma mulher estava a morrer com um tipo especial de cancro. Havia um medicamento que, segundo pensavam os médicos, podia salvá-la. Era uma forma de rádio que um farmacêutico, na mesma cidade, descobriria recentemente. A manipulação do medicamento era cara, mas o farmacêutico cobrava mais dez vezes mais do que o preço do custo. Pagava €200 pelo rádio e cobrava €2000 por uma pequena dose de medicamento. O marido da senhora doente, Heinz, recorreu a toda a gente que conhecia para pedir o dinheiro emprestado, mas só reuniu €1000, que era apenas metade do custo. Disse ao farmacêutico que a sua mulher estava a morrer e pediu para o vender mais barato, ou se podia pagá-lo mais tarde. Mas o farmacêutico disse “Não, descobri o medicamento e vou fazer dinheiro com ele”. Então, Heinz fica desesperado e pensa em assaltar a loja do homem e roubar o medicamento para a sua mulher.”

i. Heinz devia roubar?
ii. Se Heinz não amasse a sua mulher, deveria roubar o medicamento para ela?
iii. E se a pessoa doente não fosse a sua mulher, mas uma pessoa estranha, Heinz ainda assim deveria roubar o medicamento?
iv. E se em vez de uma pessoa estranha, quem estivesse com cancro fosse um animal de estimação de que muito gostava?

“Heinz assaltou a loja. Roubou o medicamento e deu-o à mulher. No dia seguinte, a notícia do roubo vinha nos jornais. O senhor Brown, um polícia que conhecia Heinz, leu a notícia. Lembrou-se que tinha visto Heinz a sair a correr da loja e percebeu que fora Heinz quem roubara o medicamento. O senhor Brown perguntou a si mesmo se devia comunicar se era Heinz o ladrão.”

i. O polícia Brown deveria acusar o Heinz de roubo ou ir contra o seu código deontológico?

“O polícia Brown encontra Heinz e prende-o. Heinz é levado a tribunal e é organizado um júri. O trabalho do júri é descobrir se uma pessoa é culpada ou inocente. O júri considera Heinz culpado. Ao juiz compete determinar a sentença.”

i. Deve o juiz sentenciar ou deve suspender a sentença e libertar Heinz? Porquê?
ii. O que cada um de nós faria no lugar de Heinz? Escolheria a opção pela vida e roubava o medicamento ou escolheria a lei?
iii. E se estivesse no lugar de Brown? Escolheria a lei ou a amizade?
iv. E se fosse o juiz?

             Kohlberg baseando-se nestas questões e dilemas, criou uma teoria acerca do desenvolvimento moral. Segundo ele, este processa-se através de uma sequência invariante de três níveis de raciocínio moral, subdividindo-se cada nível em dois estádios. Kohlberg concluiu ainda que a idade influencia o nível de raciocínio moral dos indivíduos.


I - Nível Pré-Convencional – Infância

Estádio 1 – Moralidade Heterónoma
A Criança obedece às figuras de autoridade para evitar a punição, decidindo o que está certo ou errado com base nas suas consequências.

Estádio 2 – Individualismo, Propósito e Troca Instrumental
A Criança assume uma perspectiva concreta individualista. Separa os seus interessas dos interesses dos outros. Os conflitos de interesses resolvem-se dando a todos uma parte igual.

II – Nível Convencional – Adolescência

Estádio 3 – Expectativas e Relações Interpessoais Mútuas e Conformidade Interpessoal
O Adolescente mostra gratidão e apreço pelas autoridades e procura ser digno dessa confiança, reconhecendo a importância da reciprocidade e tratando bem os outros porque espera que os outros também o tratem bem.

Estádio 4 – Sistema Social e Consciência
Este estádio distingue os pontos de vista da sociedade dos pontos de vista dos grupos e dos indivíduos.

III – Nível Pós-Convencional

Estádio 5 – Contrato Social
A pessoa considera o ponto de vista legal e o ponto de vista dos outros e procura reconhecer o conflito entre eles, de forma a fazer escolhas que tragam o maior bem para o maior número.

Estádio 6 – Princípios Éticos Universais
A razão para fazer o que está certo é que a pessoa reconhece a validade dos princípios e procura cumpri-los.

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